quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Homem, seu 'direito' de Trair, e a Mulher Adúltera - Parte I

As mulheres “cantam em coro”, praticamente, aos quatro cantos, que “todos os homens calçam quarenta”, ou seja, que são todos iguais. Assim sendo, “mudam apenas de endereço”. Porém, é preciso reconhecer que há um percentual, mínimo é verdade, mas que foge a regra, de sorte que é possível fazer uma pequena diferenciação. Na minha compreensão, o homem é o sujeito mais seguro de sua masculinidade, sem o desejo compulsório de se impor à busca de aventuras eróticas. Não se vulgariza de prontidão, confia, como dizem, no seu “taco”. Enquanto o macho, não necessariamente corpulento, este sim, apesar da pompa, é menos seguro, e, por isso mesmo, vive a espreita, não perde chance, é um “topa tudo” do tipo “caiu na rede é peixe”. Precisa provar para o mundo e, principalmente, se autoconvencer de que é macho, e para compor esse “figurino” não resiste aos, hoje, mines “rabos” de saias. É o protótipo do Don Juan, se julga objeto do desejo de toda mulher, acha que nenhuma é inume às suas investidas. Uma vez que, para ele não existe mulher difícil, mas, apenas, “mal cantada”. Deixa claro que não consegue controlar o impulso sexual, que sempre está irremediavelmente à mercê dos encantos do sexo oposto. Segundo Kierkegaard (apud BAUMAN, 2003) o prazer dele não é pela posse das mulheres, mas a sedução delas. Para Lipovetsky (2005), Don Juan está bem morto. Elevou-se uma nova figura muito mais inquietante: Narciso, subjugado por ele mesmo em sua cápsula de vidro.(p.16).

Discordo, um pouco, deste autor. Os sedutores estão bem vivos, apenas mudaram a composição da metralhadora giratória da sua sedução, o “face a face” com todo seu mise en scène, para o virtual - as atuais práticas do cibersexo levam até o fim essa ilusão: indivíduos sem corpos dialogam sem se ver, representando livremente suas identidades (BOZON, 2004) -, e o estético típico desta era de culto ao físico. Todos querem aparecer sarados na “vitrine das carnes”. A maioria “oca”, por vezes, coloca a própria vida em risco com o uso de anabolizantes, etc. O que difere, agora, é o esforço pelo físico perfeito que não se restringe a chamar apenas a atenção das mulheres, mas, também, para despertar nos outros homens admiração ou inveja como símbolo de imposição da estampa viril.

Narciso ou Don Juan, parece não ter saído da fase inicial da adolescência, carece de confiança na própria masculinidade. Em suma, o homem reage por alguns princípios éticos, e o macho, mais primitivo, pouco lapidado, se orienta pelas vantagens. Isto posto, tudo que neste texto diz respeito ao homem, em relação ao macho é potencializado.