sábado, 5 de março de 2011

O Homem, seu 'direito' de Trair, e a Mulher Adúltera - Parte X

Na verdade, as mulheres são forçadas a vestirem o véu do falso pudor. Ninguém é perfeito quando se trata de gente, isto é relativo ou sem sentido, nem completa totalmente o outro. A maturidade consiste em aceitar as qualidades e defeitos do parceiro (a), na medida em que juntos crescem nas diferenças e similaridades. O macho alfa quer a mulher liberada, mas receia por associá-la à promíscua, incapaz de suportar a frustração sexual, portanto, receptiva à sedução de qualquer homem. Na realidade, devido a sua prepotência ele teme ser comparado e a mulher experiente é mais apta para isso, enquanto que, uma outra mantém seu status quo. O conflito na relação, que em tese, pode impulsionar o crescimento, a mulher parece suportar melhor essa angustia, mas para o macho isto é trabalhoso, e, uma vez que lhe é permitido pelo social, descamba no mais fácil: no sexo, na conquista de nova (s) parceira(s).

É um equívoco achar que o macho é displicente para ocultar vestígios da sua traição, e, por isso, acaba por se autodenunciar. Embora, o proibido para os imaturos tenha lá o seu fascínio, na verdade o macho quer mais é que o mundo e a parceira (“matriz”) saibam. Não devido à “febre” de uma louca paixão, mas, porque a partir dessa revelação não é mais preciso usar de artifícios para se esconder. Levando-se em conta que: primeiro, ele é todo cheio de direito; depois, a monogamia é uma terrível imposição ao homem imaturo (o que não tem a ver com idade) e, por último, nesse imaginário se “embriaga” com ideia poligâmica, o sonho do harém.

No campo da biologia, Houzel (2005), diz que o rapaz é por natureza polígamo, dono de raros receptores para vasopressina V1aR no sistema de recompensa, que é muito maior em espécie monógamas. O que levam, Burnhan e Phelan (2002) a afirmarem que, qualquer que seja sua escolha relativa à fidelidade na vida real, o organismo humano foi projetado para a infidelidade.(p.167). Dawkins (1989) salienta que algumas sociedades humanas são promíscuas e outras têm haréns por base. O que esta surpreendente variedade sugere é que o modo de vida do homem é, em grande parte, determinado pela cultura, e não pelos genes.(p.261). Nesse sentido, Wright (2006:195) diz que a influência cultural pode ser tão inconsciente quanto à influência genética. O que não constitui surpresa, dada a profundidade com que as duas se entrelaçam.

Como já foi dito, a traição machuca, sendo desrespeitosa para qualquer dos gêneros que a pratique. Porém, em termos quantitativos o macho não seria o ente mais apropriado para o adultério e o harém. O homem depende da ereção e sua potencia sexual não se assemelha a do cavalo reprodutor, daí a contradição! Então por que esse mito de garanhão? Para Schopenhauer (apud YALOM, 2005) é contra a natureza da mulher limitar-se a um só homem no curto período de seu florescer.(p.181). Em termos da sua fisiologia, a mulher é quem tem mais condição de atender a uma demanda maior de parceiro. Primeiro, porque ela leva mais tempo para se excitar e, depois, porque a sua sexualidade não precisa, necessariamente, do intumescimento de nenhum órgão sexual, a exemplo da ereção do pênis. Este, considerado “o órgão mais honesto do corpo do homem”(FRIEDMAN, 2002:266). Isto, certamente, se dava no passado, uma vez que agora pode ocorrer à ereção postiça por obra dos vasodilatores.